Por Adriano Siqueira
No bairro do Capão do imbuia em Curitiba-PR, Franciele e Loberval, um casal muito apaixonado conversavam no café da manhã.
─ Querido. Já coloquei o seu almoço na sua pasta. Gostou dos meus bolinhos de chuva?
─ Eu sempre vou amar seus bolinhos querida. Devo voltar tarde hoje. Tenho reunião.
─ Eu entendo querido. Mas fico triste quando você está fora. Eu vou limpar a casa toda. Tem muita poeira. Ai...
Loberval vê que Franciele coloca a mão na cabeça e se senta.
─ Tem tomado os remédios?
─ Sim. Mas cada dia as dores aumentam e os pesadelos...
─ Não se preocupe. Trarei mais remédios hoje. O hospital está lotado. Muita gente doente.
─ Você é o médico que mais amo nesse mundo.
Eles se beijam e Loberval vai para o hospital trabalhar. Enquanto isso. Franciele arruma a casa. Abre o sótão, acende a luz e desce as escadas vagarosamente. Passa pelo espelho, que é do tamanho do seu corpo, olha para os lados. Ela vê que tem muito trabalho para fazer, mas sente uma leve pontada na cabeça. Uma dor aguda.
Franciele passa pelo espelho e percebe algo estranho. O seu reflexo. Não era ela. Era outra mulher. Ela tenta se afastar mas o reflexo segura a sua mão. Franciele fica apavorada. Ela tenta gritar mas o reflexo coloca a mão na sua boca e começa a falar.
─ Ele matou nós duas e vai fazer isso de novo se desconfiar.
Franciele é libertada e ela olha para a mulher. Começa a reconhecer o seu rosto.
─ Georgia. seu nome é Georgia.
─ Sim. Finalmente. Então você está lembrando quem somos Franciele?
─ Os pesadelos. Horríveis. Morte, corpos, Sangue.
─ Loberval nos matou. Éramos enfermeiras desse hospital. Ele queria você, mas você me amava e ele me matou.
─ Não! Somos casados faz muito tempo. Ele não faria isso é um médico bom ele junta as partes dos corpos. Ele religa os membros. Ele...
─ É um assassino. Me matou e vc me viu toda desmembrada aqui no sótão e quando vc ia avisar a policia ele te matou também.
─ Eu estou louca. Estou enlouquecendo. Vou ligar para ele.
─ Não! Hoje ele não voltará cedo. É noite de Lua Cheia. Ele adora retalhar corpos.
─ Georgia! Eu não sei o que fazer.
─ Ele retalhou nossos corpos. Levou para o hospital. Remendou nos duas. Ele fez uma nova mulher com a gente. Veja as cicatrizes no seu corpo todo. Nós somos o seu brinquedo.
─ O que vamos fazer?
─ Prata. Muita prata. Reunir tudo aqui deixar bem espetado e jogar ele aqui dentro.
─ Mas ele é forte Georgia. Estou com medo.
─ Nos também somos fortes. Quando passar os efeitos dos remédios que ele te dá, vai ver o quanto temos poder.
─ Não dá para acreditar que um homem possa ser tão cruel.
─ Tenta levantar aquela lavadora de roupas de ferro.
Franciele vai até a maquina e ri. Sabe que é pesada demais. Mesmo assim ela tenta por brincadeira. E consegue ela levanta muito alto.
─ Joga no Chão de madeira. Vamos fazer um grande buraco.
Franciele joga a maquina com força e abre um grande buraco no chão. Ela olha para as suas mãos e fica impressionada.
─ Sou mesmo forte.
─ Somos. Agora vamos vc precisa arrumar toda a prata e jogar aqui. Cobrir o buraco e matar o lobo mau.
─ Você vai comigo Georgia?
─ Ele ligou nossos cérebros. Estou dentro de você. Está com meus seios, minhas mãos, meu nariz e minha vida. Somos um e vamos mandar ele para o inferno.
Elas pegam tudo que é de valor na casa e recolhem em vários lugares, todo o tipo de prata. Conseguem um bom material para fazer a armadilha.
Até as dez horas da noite de lua cheia elas conseguiram montar a armadilha. Franciele conseguiu fazer lâminas cortantes em todas a pratas que pegou. A força que tinha, a prata em suas mãos eram como massa de modelar. Depois colocaram o tapete e cobriram o buraco.
─ Pronto Georgia. Agora é só esperar o Doutor Frankenstein chegar.
─ Seis meses ele conseguiu nos enganar. Mas esse assassino vai ter o que merece.
─ Ele disse que minhas cicatrizes eram de um acidente de infância.
─ Vamos ficar juntas para sempre.
Franciele coloca a mão no seu coração.
─ Eu te amo Georgia.
─ Eu também Franciele.